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domingo, 29 de junho de 2008

Relativamente Anarquista



Este texto de Daniel Oliveira é um bom resumo, acessível à compreensão de todos, do marasmo do pensamento filosófico em que a esquerda política mergulhou o pais e a Europa. A negação da Verdade, consequentemente da noção de Bem e de Mal e da função política de saber reflectir esse discernimento na sua acção, são as indicações claras do que norteia a linha ideológica sinistra: tudo é um jogo de vontades e a justiça reduz-se à satisfação da soberba da percepção da maioria sobre a realidade.

Desconfio que o Daniel andou a ler Nietzsche. Talvez o mesmo nihilista que inspirou, e inspira, o nacional-socialismo. A única diferença é o Daniel colocar a vontade ao nível do relativismo extremo do individualismo, ao contrário da histeria colectiva por um futuro inventado porque construído pelo povo racial. Mas a matriz é a mesma. A aplicação é que é diferente porque, como diz o próprio Daniel, "não há ideias verdadeiras. Quanto muito, estão certas ou erradas num determinado momento e lugar".

Só gostava mesmo era que o citado me explicasse um pequeno pormenor: como é que define o "certo" e o "errado" para "um determinado momento"? Segundo a sua "vontade"?

[GdR]

Orgânica e Essência


As palavras de Trasímaco no livro primeiro da República de Platão, confirmadas mais tarde por Nietzsche no seu "Deus morreu" pela voz de Zaratustra, versam que "a justiça não é mais que o interesse do mais forte", ou seja, que a democracia é o ringue ideal para o pugilato natural do homem. Porque sejamos sinceros: esta tipologia de sociedades que engendrámos desde que os pulhas franceses se lembraram de existir e fazer rolar cabeças em carnificina, é a concretização de um processo de retrocesso civilizacional sem precedentes, retornando à tragédia mitológica e à verdade pela dialéctica fantástica de outros mundos.

Os sofistas governam o mundo desde a queda da escolástica. O homem no centro, como medida de tudo sem nada que o meça. O homem, uma medida sem medida para medir o Bem, a Justiça e a Verdade. É esta a realidade da cidade negra que construímos na modernidade. O individuo têm a potência de ser o mais forte, na sua existência relativa, e de gerar verdade, fazer verdade, relativamente. E não é enquanto membro social, mas enquanto ser independente, atómico.

A desagregação vem daí. A orgânica social ruiu a partir daí. Enquanto não percebermos que a essência vai para além dos constituintes e é antes ideia que se projecta no mundo, continuaremos sempre a buscar unidade nas partículas, como se fossem ponto de partida. Ora o ponto de partida é o Bem, e o Bem não é relativo para ser deixado ao critério absurdo de quem cria maiores e melhores pugilistas mediáticos para vencer o prémio do poder. Em suma, o mundo não é o que quisermos. O mundo é um cumprimento. Uma mesa, em última análise, não é somente um conjunto de tampo e quatro pernas. Virem-na de pernas para o ar e terão o exemplo perfeito do que faz a rotatividade democrática: os átomos são os mesmo, mas o cumprimento da essência da mesa desaparece.

Toda a cidade requer unidade, e unidade que tenda para o ponto orientador da acção comunitária do homem. Podemos dizer que o humano, como ser social, é dedutivo, não indutivo. Do Bem se deduz a acção, a orgânica, e se conhece a essência que sustenta a boa realidade. Pensarmos o contrário é sentarmo-nos com a mesa virada de pernas para o ar.

[GdR]

O mito da virtude tolerante



Das ideologias que se têm imposto, a democracia doí pela forma implícita como é tida por prerrogativa de qualquer povo, fonte de leite e mel. Enchem a boca de "liberdade", os que a impõem. A democracia da cruzinha, do voto universal pela analfabetização votante, implica um pressuposto de tolerância. A tolerância é a virtude da modernidade.

Acompanham-na muitas outras, substitutas das virtudes cristãs. Fazem lembrar as nomenclaturas progressistas dos dias, das quais Portugal desdenhou, e bem, herança que não fosse a de contar as férias, o Sábado e o Dies Domini. Mas nos valores da civilização, seguiu a vanguarda da mutação revolucionária e propõe aos seus que sejam, por exemplo, agentes de solidariedade. No tempo, num passado que parece distante e bárbaro, ficou a Caridade como visão pejorativamente beatifica do mundo, e a Paciência como qualidade da virtude tolerante...

Que nos ensinam na escola? Que a tolerância é necessária ao respeito e cordial convivência entre ideias e ideologias. Ou seja, que ela é o critério em si da sociedade democrática, e por isso se eleva a virtude do homem comunitário. A tolerância é a prática da Justiça, dizem, o ponto de tendência.

O problema é que esta justiça inventada acarreta sempre a anulação das virtudes defendidas pelas facções em disputa, de forma a estabelecer um contracto social mínimo sem critério fixo, relativo. E eu pergunto: que virtude, ou algo que dessa essência comungue, pode anular outra virtude, diminui-la, em função de terceiras? Há virtudes contrárias? Uma essência contra si mesma não se anula? Não é isto o avesso da tolerância? Não faz sentido...

Agora, consta que para os democratistas faz. Afinal, eles cultuam o vazio, que é tudo e nada ao mesmo tempo, a contradição pura (e chamam-lhe contraditório...). As nações diluem-se, a Europa assenta na diluição... os EUA são um melting pot, um sonho liberal, uma estátua... são, verdadeiramente, uma América. Tudo é estética e a tolerância é a estética de um marasmo político que atrofia os miolos. Ou então, a política morreu no mesmo instante do grito de "liberdade" zaratustriano.

Mas Zaratustra era tolerante?...

[GR]